Solidão no Casamento: A Importância do “Nós” na União

Este texto aborda a solidão, um tema que “mata a pessoa interiormente”, e sua manifestação dolorosa dentro do casamento, quando a união perde a essência do “nós”.

A citação de Qoelet (Eclesiastes 4,10-12) serve como um alerta contundente: “Ai daquele que está só: se cair, ninguém o levantará; se ele dormir sozinho, ninguém o aquecerá; se for atacado, ninguém o ajudará a resistir“. Essa sabedoria antiga ressalta a vulnerabilidade da solidão e a importância do apoio mútuo.

O texto lamenta que muitos não valorizam ou não compreendem o verdadeiro significado do casamento, vivendo como se fossem solteiros. Nessas uniões, cada um faz suas próprias escolhas e tem sua própria vida, sem depender da opinião ou do conselho do parceiro. Prevalece o “Eu”, e o “nós” é esquecido ou sequer pronunciado. Embora vivam sob o mesmo teto, esses casais são descritos como “dois eus” lado a lado, e não um verdadeiro “nós”.

O escritor russo-americano Vladimir Nabokov reforça essa ideia, afirmando que “a solidão é o playground de Satanás”. Muitos casamentos terminam justamente pela ausência do “nós”, da comunhão e da intimidade de afetos, escolhas, sonhos e ideais compartilhados.

A canção do italiano Gino Paoli é citada para ilustrar poeticamente o poder transformador do “nós”: “Nós: é a solidão que vai embora. Nós: é a tristeza que se torna felicidade. Nós: são as tuas mãos que procuram as minhas. Nós: é estar junto mesmo quando estou sozinho. Hoje, amanhã e novamente quando eu disser “Nós”, sempre falarei de você”. Essa letra sintetiza a superação da solidão e a beleza da conexão profunda e compromisso que um casamento saudável pode oferecer.

Dr. Fernando Tadeu Barduzzi Tavares