As Múltiplas Faces do Amor na Civilização Ocidental: Do Desejo ao Ágape
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Dentro da civilização ocidental, o conceito filosófico de amor é uma rica fusão das culturas greco-romana e cristã. Essa herança nos legou diversas compreensões sobre o que significa amar, cada uma com suas nuances e profundidades.
Platão nos apresentou a primeira forma de amor, o ‘Eros’. Frequentemente mal interpretado, o Eros platônico é definido como um amor ligado à ideia do desejo, mas de um cunho erótico que, na sua essência, é puro e desprovido de paixões carnais no sentido vulgar. Para Platão, era um desejo transcendente pela beleza e pelo bem, que eleva a alma.
Aristóteles, por sua vez, explorou o ‘Filos’, um amor de amizade. Ele se manifesta no carinho, no bem-estar e na alegria ao lado de uma pessoa, na partilha da vida e dos sentimentos. É o amor fraterno, que sustenta as relações de amizade verdadeira.
A terceira forma de amor é a ‘Storge’, que se refere ao amor entre os familiares. É o afeto natural e profundo que nasce dos laços sanguíneos e da convivência familiar, caracterizado por uma forte lealdade e carinho.
Em seguida, temos o ‘Pragma’, um amor prático e muitas vezes baseado na razão ou interesse. Este tipo de amor é mais pragmático, buscando uma parceria que funcione e que atenda a certas necessidades mútuas, sendo menos impulsionado pela paixão ou pelo afeto idealizado.
A quinta forma é a ‘Philautia’, o amor próprio. Essencial para o bem-estar individual, a Philautia é o amor e o cuidado por si mesmo, fundamental para poder amar verdadeiramente os outros.
Por fim, a sexta e mais elevada forma de amor é o ‘Ágape’. Este conceito, embasado nos ensinamentos de Jesus, manifesta um amor jamais conhecido antes de sua revelação. Ágape é considerado a plenitude do amor, idealizado pela renúncia e pela doação total, sem esperar nada em troca. É um amor incondicional e altruísta, que busca o bem do outro acima de tudo.
Como afirma o poeta clássico romano Publio Virgílio nas Bucólicas: “Omnia vincit amor et nos cedamus amori” – “O amor tudo vence, rendamo-nos também nós ao amor”. Essa máxima poética ressoa através dos tempos, encapsulando a ideia de que o amor, em suas diversas e profundas manifestações, é uma força poderosa e transformadora.
Dr. Fernando Tadeu
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